Recortes de Imprensa

O SILÊNCIO

Um livro-data da ficção portuguesa do período a que poderemos chamar o pós-25 de Abril.

EDUARDO PRADO COELHO, JORNAL DE LETRAS

Uma das maiores revelações da ficção portuguesa nos últimos tempos. Aplaudido, esgotado, premiado, o seu primeiro romance. As palavras, belíssimas, não são esbanjadas. Uma prosa densa e leve, sem nada a mais e sem nada a menos, parada no ponto exacto.

CLARA FERREIRA ALVES, JORNAL DE LETRAS

O Silêncio tem uma escrita de invulgar qualidade na recente literatura portuguesa; a cada releitura nos fica esta sensação de que “só conseguimos traduzir o que pensamos através de semelhanças longínquas, como se o verdadeiro sentido nos escapasse”. Cabe agora a outros leitores o gosto de ler e reler o livro de T.G., encher o “silêncio” de ecos, provar que “a literatura não se converteu em silêncio”, não se tornou “apenas imanente”, que as palavras não ficam “cercadas, bloqueadas” e que antes nos nasce a “vontade de cantar”.

PAULA MORÃO, EXPRESSO

Até agora, sem dúvida o melhor livro de 1981. Um dos livros que eu mais amei nos últimos anos.

Mª TERESA HORTA, REVISTA MULHERES

Em grande força, estreou-se T.G. com este romance em 1981.Muito justamente, a recepção crítica foi triunfal e afinou pelo tom superlativo da consagração. De 1981 a 1995 o livro teve quatro edições. Doze anos depois, chega a quinta edição. (…) Grande era o risco de se ter tornado um objecto cristalizado e enfraquecido. Mas venceu essa prova de fogo e chega-nos intacto.

ANTÓNIO GUERREIRO, EXPRESSO, 2007

PAISAGEM COM MULHER E MAR AO FUNDO

As personagens estão enredadas num jogo de forças subterrâneas. O fascismo, tal como nos surge neste livro, é uma figura (obviamente detestável) desse jogo de forças. Se, por um lado, isso o abstractiza (a referência é O.S.) de O(liveira) S(alazar) ,por outro revela-o a uma luz desconhecida na nossa ficção. Um dos aspectos mais curiosos é o modo como uma recusa sem ambiguidades da opressão se combina com uma consciência muito subtil da ambivalência das forças com que nos confrontamos. O livro introduz na polarização masculino/feminino uma complexidade que a letra do texto torna literalmente apaixonante.

EDUARDO PRADO COELHO, JORNAL DE LETRAS

Die lange Zeit der Resignation, das allmähliche Erwachen und der Akt der politischen Befreiung mit den jeweiligen subjektiven und persönlichen Folgeerscheinungen, all dies spiegelt sich in den Romanen von T.G. wider, und zwar in einer Art und Weise, die sich deutlich über die konkrete politische Lage Portugals zu erheben vermag. Die Autorin beschreibt, wie in einem zähen Entwicklungsprozess die über lange Zeit verinnerlichten beharrenden Kräfte und diejenigen des Aufbruchs und der Revolte immer wieder hart aufeinanderprallen, und sie zeichnet die beschwerlichen Wege der Befreiung und Öffnung in allen erdenklichen Bereichen von Gesellschaft,Kunst und Kultur in ihrer ganzen Vielfalt nach.

GESA HASEBRINK, DIE SCHWESTERN DER MARIANNE ALCOFORADO

Der neue literarische Diskurs versteht sich (bei T.G.) als Suche, welche die gewohnten Verbindungen der Sprache zur Realität aufbrechen soll. Auf diese Weise können soziale Konventionen, Autoritäten, Marginalisierungen und Entfremdungen hinterfragt und Wege zur Überwindung aufgewiesen werden. Die Romanen stehen zugleich in der Tradition des Subjektivismus und der Sozialkritik. Die Annäherung an die Aussenrealitaet dient der Verhinderung von Herrschaftsstrukturen, die nun von einer klaren, individuell gefestigten Position angegriffen werden können, deren Erforschung sich das subjektivische Interesse widmet.

HELMUT SIEPMANN, PORTUGIESISCHE LITERATUR DES 19. U. 20. JAHRHUNDERTS

OS GUARDA-CHUVAS CINTILANTES

Há uma fala que se insurge contra o condicionamento do próprio processo literário, rompendo com as formas convencionais impostas à escrita. O diário se oferece como uma insólita prática de linguagem, imprimindo à escrita o ritmo vertiginoso do realismo fantástico e das imagens surrealistas.

MARIA HELOÍSA MARTINS DIAS, LETRAS & LETRAS

Os Guarda-Chuvas Cintilantes é a obra mais revolucionária de Teolinda Gersão.

ÁLVARO CARDOSO GOMES, A VOZ ITINERANTE, São Paulo

A dimensão simbólica oscila entre um sentido lúdico e um sentido fantástico, mas também incide sobre o domínio sobrenatural das coisas e dos seres. Ultrapassar fronteiras de territórios mentais aparentemente incomunicáveis é operação que constantemente se pratica neste livro.

MARIA ALZIRA SEIXO, A PALAVRA DO ROMANCE

Die Heterodoxie erweist sich als Heterogenität,als bewusste und spielerische Abweichung von der traditionellen Gattung des Tagebuchs.

RAINER HESS, DER PORTUGIESISCHE ROMAN DER GEGENWART

Eine Parodie auf das Genre des Tagebuchs.

GESA HASEBRINK, WEGE DER ERNEUERUNG – PORTUGIESISCHE ROMANE NACH DER ‘NELKENREVOLUTION’

O CAVALO DE SOL

Um dos melhores romances da estação literária que ora corre.

PEDRO ALVIM, DIÁRIO DE LISBOA

Cremos estar aqui perante a mais importante e brilhante produção narrativa portuguesa deste ano, uma aparatosa demonstração de virtuosismo na criação romanesca, uma conjugação excepcionalmente feliz de uma arte imensa do verbo e das estruturas dos regimes discursivos da ficção.

JOSÉ EMÍLIO NELSON, JORNAL DE NOTÍCIAS

LE CHEVAL DE SOLEIL

Du haut de son cheval, Vitoria rêve de son cousin, Jeronimo, qu´elle va épouser dans quelques mois. Vitória est fascinante, imprévisible, et tandis qu´elle galope dans le vent, défiant de plus en plus  son entourage, Jerónimo se réfugie dans la pratique de la chasse, lieu où il domine ses proies.La fête approche.Vitória saute le dernier obstacle et abandone Jerónimo. La fête s´enfuit devant le drame. Étrange roman, bâti au rhytme des allures cavallières et du martellement des battements du coeur. Tout en décrivant l´atmosphère passéiste d´une famille portugaise, l´auteur joue, avec talent, des difficultés relationnelles en amour, dans un monde “où rien ne coincide avec rien, où les choses ne sont jamais égales à l´idée qu´on s´en faisait”. Très vite le lecteur est emporté par la cadence de ce récit, à l´ecriture brillante, où s´entremêlent, avec virtuosité, l´irréalité du rêve, la violence des passions et le combat éffréné pour la vérité des choses.

NOTES BIBLIOGRAPHIQUES

 L´auteur manie le lyrisme au galop.

 L´HUMANITÉ

Michel Leiris avait apparenté la littérature à la tauromachie. Teolinda Gersão la lie à l´équitation dans cette insolite cavalcade romanesque. Au rythme du temps équestre – pas, trop, galop et saut – s´engage une lutte pour la passion et le pouvoir, magnifiquement servie par une écriture qui évoque à merveille l´inertie sensuelle du Portugal des années 20.

CONTEMPORAINE

A CASA DA CABEÇA DE CAVALO

A admirável cena espectral que T.G. constrói para o deslumbramento do leitor é fundamentalmente uma recuperação da morte pela corrida insensata do cavalo. É assim sem surpresa que vemos nos jornais que o júri do Grande Prémio de Ficção distinguiu A Casa da Cabeça de Cavalo. Trata-se da consagração muito justa de um escritor que em 95 publicou o seu melhor livro.

EDUARDO PRADO COELHO, PÚBLICO

A isso se chama ficção, a “ficção da verdade”. O jogo a que aqui nos entregámos conduzidos pela mão livre e segura de uma infatigável e magnífica contadora de histórias.

FERNANDO J. B. MARTINHO, JORNAL DE LETRAS

A ÁRVORE DAS PALAVRAS

A Árvore das Palavras inscreve-se entre as grandes obras da ficção contemporânea.

FÁBIO LUCAS, O PRIMEIRO DE JANEIRO

Regresso a uma Lourenço Marques do tempo das colónias (…) sem qualquer espécie de saudosismo ou nostalgia colonialista, perpassa o olhar de quem conheceu e viveu esses tempos. (…) Sabe bem ler relatos como este, lúcidos, verdadeiros, sentidos, atentos.

PEDRO TEIXEIRA NEVES, SEMANÁRIO

Mestria narrativa, suprema arte da simplicidade. Lourenço Marques a emergir por magia, intacta do passado.

 LINDA SANTOS COSTA, PÚBLICO

(O romance) evita uma visão europeia (e eurocêntrica) de África, e para não cair na tentação contrária, (… ) insiste nas imagens pluralizadas e mesmo fragmentárias de um espaço que não é um, mas vários, (…) estrutura-se a partir de discursos diversos e por vezes contraditórios.

Na nossa literatura, África parece ter sido um lugar relativamente vago. A Árvore das Palavras vem responder ao relativo défice a que tenho vindo a referir-me. A Árvore das Palavras é um romance a reter.

CARLOS REIS, JORNAL DE LETRAS

Uma narrativa de tensões cruzadas. Um belo depoimento de um mundo não totalmente findo e infinitamente sedutor.

ASSIS BRASIL, ZERO HORA

No romance de Teolinda, além dos conflitos, mas imiscuindo-se neles, está a força irresistível de suas palavras.

MARCELO PEN, FOLHA DE SÃO PAULO

Nos últimos anos surgiu um punhado de romances de tema moçambicano (…), mas talvez nenhum tão consequentemente político como A Árvore das Palavras de T.G. Quando um romance português chega à 6ª edição numa década, isso significa que tocou numa corda sensível.

PEDRO MEXIA, PÚBLICO, 2008

OS TECLADOS

Um romance de aprendizagem em que a autora se ultrapassa a si própria. Uma reflexão filosófica sobre a relação entre a arte a vida, as ironias de uma e as partidas que a outra vai pregando. A ler devagar porque acaba muito depressa.

HELENA BARBAS, EXPRESSO

Numa narrativa breve, consegue emprestar à sua protagonista uma imensa profundidade psicológica. A metáfora do trapézio («não era o olhar do público que segurava a trapezista, tudo se passava entre ela e a corda do baloiço onde oscilava») não surge por acaso neste livro sublime e tão musical. Surge como se fábula fora. A de que o destinatário primordial da criação é o próprio criador, a de que a única legítima competição é a dele consigo mesmo.

RODRIGUES DA SILVA, JORNAL DE LETRAS

Tomando a música como medida de todas as coisas, Os Teclados de T.G. explora destinos por meio de metáforas da harmonia musical. Raramente na história da ficção estiveram tão unidas as duas vertentes da expressão artística: a palavra e a música.

FÁBIO LUCAS, JORNAL DA TARDE, São Paulo

Escutar-se, escutar os outros, o mundo, a natureza, o universo, o cosmos, escutá-los como música, escutá-los na música, é o pano de fundo de Os Teclados. Não a escuta como uma alternativa à visão, mas sim o equilíbrio entre ambas como alternativa a uma cultura inteiramente dominada pela imagem.

(…) A ideia da música como uma ordem cosmológico-racional domina a teoria de todas as culturas da antiguidade e é consagrada no quadrivium medieval. Nesse mesmo sentido, para Júlia, a música contrariava a ideia de que no mundo nada tivesse a ver com nada: “A música era a arte de ligar”. “Havia matemática no universo, a música era a sua forma audível e palpável?” A personagem responde afirmativamente, pois tem a vivência dessa anagogia ao tocar: “era o universo que pulsava através do seu corpo? quando julgava tocar livremente, era às leis de uma mecânica cósmica que obedecia?” Aqui parece estar próxima, e conscientemente, da definição leibniziana: “ a música é um exercício aritmético de uma alma que não sabe que calcula”.

Júlia pensa: “Havia relação entre a estrutura do cosmos e a música.” O texto explicita a ideia dos Antigos, para que remete uma tal abordagem da música: Pitágoras, Platão, Kepler. A música como “matemática pura”. Por isso mesmo, situando-se no domínio do “ethos”, a música “curava as almas, porque as fazia regressar à origem”.

Talvez seja esta insistência na dimensão cosmológico-racional, que privilegia na música a relação entre ordem e ethos, por oposição à relação entre linguagem e pathos, que permite a Teolinda Gersão especular sobre as relações estruturais entre a música e a escrita, surpreender, por exemplo, o carácter teleológico – a previsibilidade – da forma-sonata e compará-la à de uma narrativa ficcional.

MARIO VIEIRA DE CARVALHO, SABERES NO TEMPO, Revista da FCSH

OS ANJOS

Eu denominaria o curto texto, antes de tudo, uma descida de memória dupla, a afectiva, rural, e de memória pré-pubertal da “heroína”; depois descida que sobe connosco, até se ouvirem os anjos, por sinal menos ortodoxos. Cada corda de órgão partida de certo modo continua a cantar. Os Anjos contra a corrente? Que assim seja.

 JORGE LISTOPAD, JORNAL DE LETRAS

A mais recente narrativa de T.G. é uma belíssima história de segredos e revelações. No seio de uma família em crise, minada por um triângulo amoroso oculto, há uma criança que se esforça por compreender os adultos e o seu mundo de interditos, de hiatos, de silêncios.

JOSÉ MÁRIO SILVA, DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Texto onírico e fabuloso, Os Anjos de TG consegue criar efeitos novos e surpreendentes a partir de matérias tão arcaicas como são as pulsões humanas e a sua integração na cultura.

LINDA SANTOS COSTA, PÚBLICO

O MENSAGEIRO E OUTRAS HISTÓRIAS COM ANJOS

Mais do que de anjos concretos e seus resplendores celestes, TG fala-nos do que há de imaterial na existência humana. É essa vaga claridade em torno das personagens que lhe interessa, uma secreta sabedoria que surge, de repente, como uma revelação. Veja-se o labirinto emocional da última história, e a forma como o segredo da mãe adúltera – tentada por um Serafim terreno – acaba restaurando a ordem familiar, “como se uma luz mais forte se acendesse”.

JOSÉ MÁRIO SILVA, DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Ce livre est si bref que, si on le résume, tout sera dit. Tout, sauf l´incroyable poésie, l´incroyable langue de Teolinda Gersão. On y entend la voix d´une petite fille, Ilda, don’t la mère glisse dans une espèce de folie non identifiée. Don le père boit trop. Dont le grand-père, malade, raconte l´histoire de son village englouti par les eaux. Ilda entend des voix qui la hantent. Ce petit livre est un grand roman. Longtemps après l´avoir refermé, on entend la voix d´Ilda, on aimerait la prendre dans ses bras et l´écouter encore. C´est la marque des chefs-d´oeuvre.

CHRISTOPHE TISON, COSMOPOLITAN

Les Anges se présente comme un récit intérieur vif et tenace, marqué par une brièveté qui ne lui ôte en rien son entensité; (…) le caractère condensé du texte, la naïveté touchante de la narratrice, cette petite voix qui semble venir des profondeurs de son être, tout cela nous encourage à ranger ce récit parmi les livres qui comptent.

                                                     B. LONGRE,  SITARTMAGAZINE

Dans ce texte de Teolinda Gersão, court mais d’une rare densité poétique, pas de pathos. Une voix ténue exprime simplement le monde qui l’entoure. Le récit est d’une blancheur d’aube. Blancheur faite de beaucoup de silence, de ces moments où les anges passent.

SEAN JAMES ROSE, LIRE

HISTÓRIAS DE VER E ANDAR

No fim de cada um destes contos descobriremos que a vida, a nossa própria vida, não estava exactamente no lugar que pensávamos. (…) Teolinda sobe as escadas do banal quotidiano para alcançar a câmara escura do ser. Neste livro, sobe 14 escadas diferentes – e a respiração ofegante que escutamos, no fim, não é a dela, mas a nossa. São catorze contos que nos precipitam em muito mais do que 14 mundos. Porque estes contos atravessam o comum da solidão e do desespero para chegar ao incomum singular da inquietação. E é isso o melhor que se pode esperar da ficção: que nos faça viajar até esse lugar simultaneamente próximo e longínquo, fervente, obscuro, que escondemos sob o véu social da identidade. Teolinda consegue (…) interrogar o ininterrogável, (…) arrancar as vedações do medo, para então entrar sorrateiramente, apenas armada com a lanterna da curiosidade autêntica, dentro do quarto escuro.

INÊS PEDROSA, EXPRESSO

A MULHER QUE PRENDEU A CHUVA

Nestes contos o julgamento encontra na narrativa a forma necessária para se estruturar, quer seja apenas o julgamento sumário que uma vizinha faz sobre outra (…),quer seja o difícil juízo que uma criança acaba fazendo sobre a maldade da sua mãe (…) e donde resultará uma decisão ainda mais difícil. Calar, isto é, não narrar. Na pulsão ou compulsão narrativa, que parece mover mesmo as personagens mais silenciosas ou interiorizadas, nada é neutro, e o que estas histórias exibem, as mais sinistras como as mais ligeiras, é uma espécie de analítica da necessidade de julgar. Na malha fina tecida por tal necessidade, nem Deus se furta a que lhe contem uma história, quer dizer, a que lhe imponham que ouça uma história para que saiba que nem Deus fica igual entre o princípio e o fim das palavras que ouve, se existir para ouvi-las: “Porque não se pode ao mesmo tempo ouvir e não ouvir”.

GUSTAVO RUBIM, PÚBLICO, Ípsilon, 2007

A CIDADE DE ULISSES

Uma das nossas melhores contistas, uma das nossas melhores romancistas,TG,30 anos exactos após a memorável publicação de O Silêncio e 15 após a saída de A Árvore das Palavras (romance que, com Baía dos Tigres, de Pedro Rosa Mendes, se encontra na fundação da nova fase da literatura portuguesa pós-Império),dá à estampa A Cidade de Ulisses, um vibrante hino à história una e múltipla, harmónica e desencontrada de Lisboa. (…) Lisboa é a grande personagem colectiva do romance, o húmus que dá sentido à existência de Paulo e de Cecília.

MIGUEL REAL, JORNAL DE LETRAS, 09/03/2011

A Cidade de Ulisses transcende em muito a característica de ser um romance sobre Lisboa e sobre a reescrita do mito de Ulisses. Admiravelmente bem escrito, o texto revela (…) uma sedução clássica exercida pelo romance novecentista, quer no travejamento coeso dos dados da intriga, quer na composição da personagem dominante (…), proporcionando uma lição de vida de sentido ético-social, que intensamente se comunica, sem preterir o que em Literatura é sempre mais importante: o significado artístico do que se escreve. (…) O livro conta uma história de amor, inebriante e envolvente, entre Paulo e Cecília (…),percorre, sem maniqueísmos, sentidos controversos de problemáticas da Viagem, Alteridade, Exposição. (…) O que Teolinda faz é escrever a vida.

MARIA ALZIRA SEIXO, JORNAL DE LETRAS, 21/03/2012

A Cidade de Ulisses é um momento raro e altíssimo na prosa narrativa portuguesa. É uma viagem interior por Lisboa, uma Lisboa reinventada a cada passo numa escrita simples, por culta, e culta pela natureza da expressão. Há anos que a leitura de um texto assim convocado não me despertava tanta felicidade e prazer. E as escassas palavras com que o digo são bem precário elogio para um livro tão belo e tão comovente. É um grande romance de amor, porque é um grande romance de pessoas, de ruas e de uma cidade.

BAPTISTA BASTOS, JORNAL DE NEGÓCIOS, 2011